Papa na Suécia: Diálogo com os luteranos. Em nome de Cristo

27/09/2016


Cidade do Vaticano (RV) – “Não se trata do banquete da Igreja, mas sim do banquete de Cristo. Não se trata de fazer as contas dos católicos em relação aos protestantes, mas sim dos pecadores tornados justos, das pessoas tristes que são confortadas e dos pobres que são reerguidos”. E é “impressionante e bonito” como “os cristãos católicos e protestantes se movimentam na mesma direção na questão dos refugiados, contrastando com seu testemunho nascentes egoísmos nacionais, e buscando de forma criativa possíveis soluções”.

Coisas que unem são maiores que as que dividem

As coisas que unem são maiores do que as que dividem. Disto estão convencidos o Presidente emérito do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, Cardeal Walter Kasper e o teólogo alemão reformado Jürgen Moltmann, que no último número da Revista “Vita e Pensiero” (Vida e Pensamento), dialogam numa entrevista, a pouco mais de um mês da viagem do Papa Francisco à Lund, na Suécia, para recorda o 500º aniversário da Reforma.

Viagem mostra o grande progresso do diálogo católico-luterano

Uma viagem que – sublinha o purpurado – “é um forte sinal, que deixa evidente os grandes progressos do diálogo católico-luterano, com a firme vontade de ambas as Igrejas de continuar resolutamente no caminho comum rumo à unidade. O diálogo deixou claro que a separação entre católicos e luteranos nos últimos cinquenta anos não foi uma ruptura completa, mas sim a pedra angular sobre a qual estão construídas as pontes de hoje. Estamos unidos em modo fundamental – observa Kasper – já como irmãos e irmãs em Jesus Cristo por um só Batismo em Jesus Cristo e no corpo de Cristo que é a Igreja. Damos testemunho desta união em um mundo que é marcado por conflitos profundos. Trabalhamos juntos pela justiça, a reconciliação e a paz no mundo”.

Trabalho comum, mas pontos que dividem

Também Moltmann, considerado o iniciador da “teologia da esperança”, recorda que “a Igreja Católica, a Evangélica e a Ortodoxa, colaboram há um quarto de século pela justiça, a paz e a salvaguarda da criação”.

Todavia, existem pontos que dividem. Por exemplo – explica o Cardeal – “a questão da missão da Igreja”, em particular a do Papa, mas também problemas éticos como “a compreensão do matrimônio e da família, a tutela da vida humana, as novas questões bioética”. Existe sobretudo “o grande sofrimento” de não poder “comer o pão eucarístico comum e beber o cálice do qual tirar a força comum”, ações que pressupõe “uma comum fé eucarística”.

Sobre estes temas “devemos nos aproximar mais”, trabalhar mais, e “pedimos aos nossos parceiros evangélicos para nos dizerem com maior unanimidade o que é a confissão de fé eucarística”.

Vontade do diálogo existe

A vontade do diálogo não falta. “Nos últimos cinquenta anos chegou-se a uma reviravolta notável no estudo católico sobre Lutero. Podemos compartilhar muitas das preocupações de Lutero, não obstante as diferenças existentes, de forma a aprender dele”.

O importante é que “não se trata somente de um diálogo sobre questões doutrinais, mas sim sobre a vida cristã concreta e o seu testemunho”. A partilha, além da escuta comum da Palavra de Deus, deve ser – diz Kasper – também “do Autor da Palavra quando enfrentamos questões concretas sobre justiça, sobre reconciliação e sobre a paz no mundo”.

“A verdadeira comunidade – conclui Moltmann – nasce quando os cristãos sentem o chamado de Cristo, e juntos, vão em direção vão em direção ao altar onde Cristo os espera. Que falemos de “comunhão” católica ou de “santa ceia” evangélica, trata-se sempre do “sangue de Cristo derramado por vós” e “corpo de Cristo oferecido por vós”. “Como podemos permanecer separados diante de Cristo crucificado por nós?”.

Fonte: (JE/Osservatore Romano)

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